A campanha do carnaval de 2008, veiculada pelo Ministério da Saúde e espalhada pelo país em outdoors, exibe a seguinte mensagem: Quem é bom de cama usa camisinha. E pergunta: Qual é a sua atitude na luta contra a aids? Será essa a melhor forma de prevenção da aids?
As libidos estão correndo soltas, livres e sem censura. A permissividade está na moda. Incentivar o sexo, precocemente, tornou-se palavra de ordem. O que esperar de um país que convoca, sem critérios, jovens e adolescentes a irem para a cama? O carnaval não deveria ser divulgado mais como uma festa nacional e menos como incentivos às vivências sexuais, antecipando impulsos e desejos?
Não há aí um deslocamento, um equívoco conceitual? Um trabalho sério de prevenção não deveria ocupar, durante todo o ano, as agendas familiares, escolares e governamentais, e não bombardear cabeças apenas em época de festas e carnavais?
Parece que a nova ordem sexual chegou para ficar. Por que, no Brasil, a gravidez precoce aumentou tanto entre as adolescentes? Entre os fatores que contribuem para a antecipação da menarca (primeira menstruação) - porta que se abre para o início da vida sexual - destacam-se os culturais, os relacionados ao estilo de vida e consumo, que sexualiza e influencia a garotada do mundo moderno.
Viver sobre a égide da mídia é desafio. A vida humana não pode ser conduzida e influenciada por frases descabidas. As palavras atuam como significantes e contaminam o inconsciente, produzindo efeitos. Uma criança que lê mensagens como essa do carnaval, está exposta a temas não adequados à sua idade e que podem ser deletérios - sofre estímulos que desencadeiam um processo de erotização precoce, que, consequentemente, culminam em distúrbios hormonais.
A sexualidade humana inicia-se desde que nascemos. É um processo longo, percurso que outrora era cheio de rituais e magias. Os encontros iniciavam-se entre olhares cobiçosos, depois, a aproximação, o namoro e o primeiro beijo. Hoje, a pressa moderna atropela e simplifica gestos e rituais que sacralizam o encontro sexual e afetivo, banalizando emoções e sentimentos.
Acreditamos que deve ter pouca coisa pior para uma adolescente do que se ver grávida. A experiência da maternidade exige preparo, é coisa para mulher madura, uma vez que implica dedicação e muito trabalho. Mas não podemos cobrar isso de uma garota.
A gravidez precoce evidencia a dificuldade dos pais em orientar e impor limites às filhas e filhos. A permissividade está por toda parte - na Lan House, em nossa TV que segue pouco regulamentada, em propagandas que estimulam consumos e excessos. Poucos conseguem segurar essa turminha que cresceu se erotizando em programas televisivos, conversas e bonecas como Barbie, que fazem alusões a namoros e baladas - banalizando e incentivando a prática sexual fora de hora.
Acreditamos que esse tema deve fazer parte das agendas dos pais, educadores e governo, uma vez que não estaremos imunes, seguros e protegidos de mais este problemão que o mundo da mídia, do entretenimento e do consumo nos envolveu. Saídas exigem posições firmes da família e de políticas públicas. Posições que devem contaminar a população, cobrando do estado maior regulamentação dos meios de comunicação de massa e habilidade na condução das campanhas.